A internet tem auxiliado muita gente, mas também tem desestruturado a vida de muitas outras. Esse espaço virtual que encanta, também destrói. E isso é muito sério.
A possibilidade de criar inúmeras identidades e espaços tem impressionado. O mundo virtual compete com o mundo real, e essa competição é bem parelha.
Colocamos nossas finanças e depositamos nossas esperanças em um espaço que segundo alguns teóricos, nem sequer existe. Fazemos isso em busca de um retorno que não sabemos até que ponto é real.
Este é o caso dos avatares. Os avatares nada mais são do que uma representação da nossa pessoa no espaço virtual, representação essa que as vezes é enganosa.
Quando eu faço um avatar, lógicamente eu vou querer mostrar as minhas melhores qualidades, o meu melhor discurso e consequentemente abafar as coisas que eu não gosto. É aí que mora o primeiro problema. No momento em que me represento, não me represento por inteiro. Ao criar um avatar, posso mudar completamente a minha imagem, dizer coisas que sou, mas que na verdade nem sou. Muita gente se confunde quanto a isso e acredita cegamente naquilo que vê na internet. Mas aquilo que se vê na internet é justamente o que eu projetei, é exatamente essa a imagem ou a mensagem que eu desejo passar. Um avatar é uma maneira divertida de se representar, sem dúvidas. O que não podemos é misturar as coisas.
E é aí que mora o segundo problema. Quando não conseguimos separar uma coisa de outra, mergulhamos nós mesmos em um universo desconhecido, que não é nem virtual e muito menos real. A partir daí é muito fácil se decepcionar e se iludir com a rede.
Depois de estar no meio do rebuliço, qualquer coisa pode ter uma interferência séria na nossa vida. A tecnologia nos dá o poder de estar sempre hiperconectado, e isso é outro fator sedutor. Já não almoçamos, não tomamos banho e nem saimos de casa sem uma ferramenta que nos permita estar a par do que acontece no resto do mundo. Deixamos a tecnologia interferir na nossa mente e nem percebemos, e é isso que nos prejudica. Saber que somos humanos, isto sim é fundamental. Não podemos nos deixar levar por um mundo que não existe, e muito menos abandonar o que existe. Temos que nos complementar, sim. Mas temos que discernir uma coisa da outra. Temos que conhecer os nossos limites e por mais difícil que seja, tentar respeitá-los.
Viver o mundo virtual é uma delícia, mas com certeza a sensação do mundo real é bem mais inteligente. Basta não confundir.
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